quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Sobre a segunda gestação ou manual de sobrevivência

Assim como tem muita gente pra te jogar na lona, te deixar para baixo, te fazer mal, cruzam o seu caminho, pessoas iluminadas também aparecem. E elas fazem exatamente isso: com as idéias delas, com as palavras, com um gesto de carinho, te levantam. Te dão força, para você enxergar melhor as situações e seguir o caminho.

No nascimento da Angelina, com todo o problema de amamentação e tals que já contei para vocês, lembro da Nalva, minha vizinha de frente, dizer um dia pra mim e pro Arthur: "põe a Angelina no ritmo de vocês!" Isso ecoa na minha cabeça até hoje, principalmente, quando começa a sair do planejado. Vou lá, converso com o marido, algumas vezes nem converso, mas tomo a rédea da situação e faço a pequena entender, que em manda nessa bagaça sou eu e que temos que entrar num acordo coletivo para o bem de todos.

Quando falei para minha comadre-guru, a Bruna, que estava grávida, como sempre ela vibrou comigo. Contei para ela todo o turbilhão de tudo que tava acontecendo, dos medicamentos e tals e ela ali, segurando a minha mão, mesmo por telefone ou whatsapp.

Aí, marquei e fui um dia pra casa dela. E verbalizei que não me sentia grávida.

PAUSA: Gente, verbalizem o que estão sentindo. Coloquem para fora. Fodam-se os julgamentos. Mas, desabafem. Pesquisas científicas comprovam que muita coisa guardada dentro da gente, faz mal. Provoca câncer e muitas outras doenças. FALEM!

Voltando... falei que não me sentia grávida. Que me sentia estranha. Que não estava conseguindo comemorar essa nova bênção em minha vida.

E a Bruna, dentro de toda a sabedoria dela, mãe de dois, conhecedora das minhas loucuras - que muitas vezes são dela também - me disse: "Priscila, isso é normal. Segunda gestação é sobrevivência". Não lembro o que cortou nossa conversa na hora - acho que foi as crianças kkkk - mas, essas palavras dela, ficaram na minha cabeça. Ecoando. Me soaram tão verdadeiras. Tão fortes. E analisando esses meses que se passaram, ela tem toda razão. E eu agora explico pra vocês, como cheguei nessa conclusão:

Segunda gestação é sobrevivência, do casamento, do primeiro filho, do companheiro, do emprego e principalmente, SUA.

É você se desdobrar para cuidar de você, da criança que está ali pedindo seus cuidados (mesmo que a criança tenha 3, 6, 18, 21 ou 30 anos. Filhos sempre precisam de suas mães). Da barriga, com a qual você tem que ter muito cuidado, tomar os medicamentos certos, fazer os exames indicados, não bater, não cair, não prejudicar de forma alguma esse novo ser que você está gerando.

É você se desdobrar para cuidar do casamento, pois se antes, a atenção para com o marido já era dividida com o primeiro filho, agora fica mais limitado ainda. Essa reflexão pode parecer até machista, pelo lado de "pensarmos nos homens e blá, blá, blá". Aqui, quero puxar a reflexão que ninguém casa para separar. Que ambos tem que fazer a sua parte. Que não tem essa história do homem "ajudar em casa" ou "ajudar com os filhos". Tem que fazer cada um sua parte e aí é onde entra a sobrevivência do casamento. O homem fazendo a parte dele, entendendo que a mulher já está mais frágil que o normal e a mulher, segurando a onda e procurando não descontar todo o seu descontrole emocional e hormonal em cima dele.

A sobrevivência do primeiro filho, que no nosso caso, só tem 3 anos. Que quando abre os braços pra mim, pedindo um "coio", não tenho como negar, mesmo estando com a coluna fudida, a barriga pesando e o cansaço abraçando. É tentar explicar para essa criança, que o irmãozinho que vai chegar, não está "roubando o seu lugar" - como algumas pessoas super sensíveis já falaram para ela. É explicar que ela continua sendo importante em nossas vidas e que, mesmo com a chegada do bebê, não ficará sem a atenção dos pais - pelo menos é isso que estamos pensando, criando estratégias e tentando fazer desde já.

A sobrevivência do emprego, por vários motivos. 1º por que você agora tem que sustentar duas crianças, com o mesmo salário que você ganhava. Daí ou você se adapta, ou cria rendas extras, ou parte para a busca de um novo emprego que ganhe mais. 2º por que, por mais que são as mulheres que colocam mão de obra no mundo, elas são hostilizadas por engravidarem e as empresas e seus empregadores, não gostam nada de dispor da funcionária, tanto para as consultas do pré-natal, quanto para a licença maternidade. 3º por que você fica limitada a alguns afazeres, então você não render o que rendia antes e, muitas vezes, seu chefe faz questão de te lembrar disso. Já não basta o seu psicológico te martelando, por você não ser tão pró-ativa como antes. Precisa ter alguém fofamente te lembrando isso, durante nove meses, oito horas por dia.

E por isso, minha amiga, meu amigo. A sobrevivência da mulher fica, gravemente ameaçada. É você pirar com tudo isso a sua volta e na hora que explode, as pessoas olharem "magoadas", "chateadas", "nervosas" e dizerem "nossa, como você tá grossa! Não dá pra conversar com você!".

É você chorar escondida no banheiro, debaixo do chuveiro e mesmo assim, os olhos inchados te denunciarem e você ouvir "mas, já tá chorando de novo?!". É você ouvir "grávida de novo?!" ou "Não tem TV em casa", e responder com um sorriso amarelo, por que está cansada de usar o seu latim sobre o seu direito de transar e procriar o quanto quiser. É não ter vontade de se arrumar e ouvir "nossa, como você tá desleixada" e quando se arruma "uau, agora sim não tá com cara de acabada!" Mal a pessoa sabe, que você está acabada sim, cansada da noite anterior, por que a filha estava com febre e você cuidou dela ou que você não estava bem, ou por qualquer outro motivo, que só diz respeito a você, você não dormiu.

Enfim... sempre bato na tecla do RESPEITO, aqui nos meus posts. Os seus direitos começam, onde terminam os meus. Falar, todo mundo fala. Até papagaio fala. Mas, lutar, correr atrás, viver a sua vida, ninguém está disposto.

O velho ditado, todo mundo vê as pingas que eu tomo, mas os tombos que eu levo, ninguém.

Juro pra vocês que voltarei para contar a parte boa da segunda gestação. Mas, hoje, eu precisava desabafar e mandar um sonoro FODA-SE, por meio deste texto, para muita gente koakoakoa

A olheira eu não lembro, se era de cansaço, de choro, de falta
de vitamina ou do que mais possa ser... ignorem!




quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Habemus Miguel

Adivinha qual a frase que mais ouvimos até agora??? De parentes, familiares, amigos, conhecidos, estranhos, médicos e seres humanos em geral???

"Ahhhh tomara que venha um menininho, para formar um casalzinho!"

Adivinha a frase que mais vou ouvir agora que, oficialmente, estamos grávidos do Miguel???

"Ahhhh que bom que é um menino, agora vocês tem um casalzinho!"

Sim minha gente... por que eu e o Arthur fizemos de caso pensando. Calculamos a Lua em Marte, ela estava na 15ª casa de Saturno. Sagitário deu três pulinhos em Leão e agora está vindo por aí um menininho. O nosso Miguel =)

Tem também a teoria do meu vizinho, Ben-Hur. Ele disse que para sair um menininho, não pode deixar "entrar ar". Acho que não deixamos nenhuma janela aberta rsrsrs

Hoje foi dia de ultrassom e veio a confirmação. Está lá. Um saquinho e um pingolin. Para quem até o momento só sabia cuidar de periquita, vamos aprender a cuidar de pintinho.

O rapazinho sabe que estou falando dele, pois não pára de mexer. Engraçado que até dias atrás, eu sentia somente uns tremiliques. Agora, sinto que tem um serzinho chutando, mexendo aqui dentro da barriga <3

Já desconfiávamos, claro. Eu sabia que uma gestação era diferente da outra, sempre ouvi isso. Mas, não TÃOOOOOO diferente como essa está sendo.

Que Deus, em primeiro lugar, Nossa Senhora, Buda, Brahma, Shiva, todos os orixás, santos, deuses e todas as energias potitivas nos ajudem a colocar no mundo, criar, educar e ensinar, como estamos fazendo com a Angelina, este novo ser que a nós nos foi confiado.

Por que Miguel? Para quem não sabe e não viu o post sobre os nomes da Angelina, é o nome da minha avó, mãe do meu pai, que eu não conheci. Miguel é o nome do avô do Arthur. Uma homenagem para cada lado e todo mundo fica feliz =)

"E o terceiro, vai homenagear quem?" Sim, já vieram nos perguntar. Gosto bastante da Maria do açougue perto de casa... Quem sabe?!

D.P.P.: 28/03/2017
Signo: Áries
Peso em 01/12/2016: 586 g
Altura em 01/12/2016: 29 cm

É muito amor que não cabe no peito. E muitas preocupações, dúvidas, inseguranças, aflorando a cada dia. Mas, daí, eu conto em outro post ;)


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Festa de garagem

Acho que é assim que podemos chamar a comemoração do aniversário da Angelina este ano.

Estou atrasada com o post, mas vale a pena ;)

Bem, para todos os lados que se vai, o que se ouve é crise. Aqui não poderia ser diferente. Não podíamos deixar em branco, a comemoração do aniversário da pequena, primeiro por que ela agora já sabe o que é, segundo por que tivemos algumas pessoas "fofas" que fizeram questão de ficar perguntando pra ela sobre "a festinha", terceiro por que eu e o Arthur nos empolgamos e a Angelina MERECE!

Tivemos três comemorações, todas no esquema DIY (faça você mesmo).

O tema escolhido para a festa da escola, que acabei usando aqui em casa, foi o "Show da Luna" que acabou virando o "Show da Angelina" =)



Para as bandeirolas, baixei da internet a fonte utilizada no Show da Luna e também um exemplo de bandeirolas. Escrevi cada letra do nome em uma bandeirola, imprimi e a vovó Cida recortou e colou o fio de lã (estávamos sem barbante em casa rsrs).

Fiz um bolo rápido, de caixinha, para o parabéns em casa. Enfeitei com granulado e ela adorou! No caso, ela adorou ter o bolo e ter o parabéns, por que comer que é bom, nada. Minha filha não come chocolate. A ANGELINA NÃO COME CHOCOLATE! Ponto para o papai e a mamãe, yes!

Todos os dias, ela perguntava para as professoras "é hoje meu aniversário?!" e a espera se estendeu até a sexta-feira, dia que fazem as festinhas na escola.

Para o grande dia, colocamos a mão na massa, literalmente! Eu fiz brigadeiro, beijinho e doce de leite ninho. A Rafaela (minha sobrinha, a Tatá da Angelina) enrolou todos eles e colocou nas forminhas (forminhas brancas, algumas rosas e umas roxas que eu tinha em casa - aproveitei o que tinha e colorido é lindo!). Minha sogra (a vovó "Euídes") fez uma torta de frango - que eu cortei em quadradinhos e minha mãe (a vovó Xida) colocou nas forminhas - e também um patê de frango, que cortei o pão de forma em diagonal, passamos o patê e colocamos em pratos de festa (que tinham no fundo do armário de casa. Minha mãe espremeu uns três quilos de laranja, ficou encarregada de lavar garrafas pets e envasar o suco. Deixamos na geladeira de um dia para o outro e ficou bem geladinho.

O bolo. Ah.... o bolo! Fiquei muito, mas muito orgulhosa! Cês num fazem idéia do quanto eu ME ACHEI, TÔ ME ACHANDO E AINDA ME ACHO cada vez que alguém fala: "mas, o bolo da Angelina tava bom hein?! E bonito!"

Fiz a massa de pão de ló branca, bati por 20 minutos pra ficar fofa (a Bruna, minha comadre e orientadora culinarística disse que não precisava tanto, mas segui a receita). Eu ia fazer um creme branco delícia pro bolo que a Bruna indicou, mas fiz o creme e comi de colher e fiz um brigadeiro, com cacau em pó para o recheio e cobertura. Tanto no meio do bolo, quanto em cima, coloquei morangos picados. Ficou lindo!!!! E a carinha da Angelina e as perguntas "é pá mim?" me deixavam mais orgulhosa ainda.



Tudo foi acomodado em caixas e vasilhas de plástico e entregues na porta da escola para as professoras. A Rafaela entrou na escola e na sala de aula da Angelina. A Angel apresentava a Rafa pra todo mundo. "Essa é a minha Tatá!", tipo, com muita propriedade. Uma das amiguinhas disse "nossa, é a sua Tatá?!" A Rafa ficou se achando rsrsr








Por fim, a última comemoração foi na casa da vovó Eurides, com direito a cordão de letras, escrito Feliz Aniversário. Salgadinhos fritos (bolinha de queijo, a melhor!), brigadeiro, beijinho, todos enrolados pela sogra. A tia-vovó Olga se incumbiu dos bombons, personalizados com a letra "A" e também as flores de maria mole. A tia Anna fez o bolo - que a mamãe da Angelina grávida, aproveitou a ocasião e pediu - bolo de chocolate, metade recheado com prestígio e metade de doce de leite, coberto por brigadeiro.







A felicidade da Angelina, cantando parabéns ao lado da "minha Júlia" como ela chama a priminha da mesma idade, é o melhor!

Assim comemoramos os três aninhos da nossa pequena <3 sem gastos exacerbados, mas com muito amor, muito afeto e muitos dotes colocados à prova.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

E daí já se passaram três anos...

Um pouquinho atrasado, mas o mês é todo dela rsrsrs

04 de outubro foi o dia dela.

Pois é. A Angelina fez três aninhos de vida. Três anos que nossas vidas mudaram, para melhor. De cabeça para baixo (e pelo jeito é este o lado certo, né Arthur?!). Três anos que me pego sorrindo sozinha, lembrando de algum gesto, alguma gracinha, algo que ela fez enquanto estávamos juntos e que ficou na memória.

Ela não é responsável pelo meu salto no armário. A culpa é da coluna. Porém, é por ela que optei por não usar o salto, para não afetar mais a coluna e, assim, eu poder abaixar, pegá-la no colo e cheirar o seu cangote.

Há três anos me tornei uma "mãe daquelas"! Daquelas que defendem uma alimentação saudável, que crianças não precisam de tanto açúcar (quem precisa?!), que briga com quem for, se tentar colocar um doce ou refrigerante na boca da minha filha... arranjei altas confusões e vou continuar, mas só pra defender minha cria.

Me tornei daquelas mães que procuram receitas, que colocam a mão na massa e preparam as lembrancinhas do aniversário, a decoração. Que pesquisa como pode ajudar na alfabetização. Que sabe onde está e como foi feito cada roxinho, cada machucadinho da sua cria e tenta amenizá-lo com “beijinhos pra sarar”.

Eu cresci! Evolui muito nestes três anos. A-ma-du-reci! Não é muito fácil admitir isso não, viu? Tô falando sério. Mas, essa é a realidade. Meus dramas já não são mais tão importantes, tão mexicanos como antes! Quando tenho alguém tão pequena e indefesa à minha frente, mas ao mesmo tempo tão grande, me dizendo “mamãe tô dodói!”, mesmo que o dodói não seja real, mesmo que o dodói é só um pedido de atenção, mas eu aprendi como mãe, a colocar o meu dodói de lado, para cuidar de alguém. Algo, por exemplo, que eu não havia aprendido como filha.

Aprendi que, nem sempre, dá pra jogar tudo pra cima, balançar o cabelo e sair andando, linda e morena, deixando alguém falando sozinho, principalmente, quando isso envolve dinheiro e você se lembra, que a lata do NAN, custa um rim. Mas, também aprendi que um bom e sonoro “puta que pariu” ou “vai tomar no centro do seu cú”, é libertador! Ah, como é...

Me descobri uma mãe vaidosa. Sim, de verdade! Daquelas que se abrem toda, quando recebem um elogio, sobre o cheiro da papinha da filha, sobre o fato dela não comer doces, sobre ela ser fofa! Kkkkkk cada vez que ouço “nossa, ela é inteligente demais!”, “nossa, como ela é grandona”, “que menina simpática”, tenho vontade de amassar a Angelina, beijar, beijar, beijar, guardar num potinho pra mim!

Do mesmo modo que descobri que sou má. Às vezes, muito má! A ponto, de estar no parquinho de um certo restaurante da cidade, ver de longe uma criança empurrando a Angelina e eu ir pra cima da outra criança, com olhos de fogo e com um silvo de cobra, no lugar da voz, dizendo fofamente “vaza, senão vou empurrar você, pra tu ver o que é bom!”

Amigas psicos, me condenem, ou me deem meses de terapia de graça kaokaoakoa

Enfim... o que quero dizer e que é clichê, é que nesses três anos, me redescobri. Como pessoa, como profissional, como mulher. Meu jogo de sedução hoje, é outro. Minha idéia de carreira, é outra. Meus conflitos? Ah, esses aumentaram gradativamente. Porém, meus monstros são bem pequeninos, quando tenho que enfrentar os da Angelina.

Obrigada marido por ter embarcado nessa #vidaloca comigo. Obrigada mãe por me auxiliar, ajudar e, principalmente, me mostrar que a maternidade pode ser mais leve, quando tudo é levado no amor. Obrigada sogra por ter dado o seu filho pra mim! Obrigada Angelina por ter me escolhido, entre tantas outras mães, entre tantos outros espíritos, para ser sua “mamãe”!



PS: Próximo post vou falar de como foi a comemoração do niver da baixinha!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Ensaio sobre a vida ou como eu descobri que estava grávida

O pessoal da companhia Melhores do Mundo, mais ou menos em 2008, lançaram um pocket show motivacional (se é assim quem posso chamar), chamado Joseph Climber. Quem ainda não assistiu, pode conferir aqui https://www.youtube.com/watch?v=d88x4qZ_zKU

Por que lembrei disso? Por conta do dia que fiquei sabendo que estava grávida pela segunda vez.

Lembra lá no começo do blog, quando contei pra vocês que faço tratamento para artrite e tals, que esse foi o principal motivo de eu não poder amamentar a Angelina... então, com o passar dos anos, descobri duas lindas hérnias de disco, na L4 e L5, região lombar. Após vários meses de dor, duas ressonâncias, o ortopedista chegou ao diagnóstico e à medicação. Mais uma. Duas vezes ao dia, inicialmente por 60 dias.

Vamos lá né! Pega requisição com o médico, vai até à Secretária de Saúde, dá entrada no processo e 15 dias depois comecei a pegar a medicação pelo Sistema Único de Saúde. Eram dois comprimidos de manhã e dois a noite, para o tratamento, e dois comprimidos de manhã pra dor, pra aguentar o tranco, pra chegar viva e em pé no final de mais um dia de trabalho, correria e inúmeras funções.

Pois bem, assim seguia o curso. Até que, precisando fazer exames periódicos, incluindo o Beta HCG, que deve ser entregue na 15ª Regional de Saúde, para eu pegar os medicamentos da artrite. De três em três meses.

Dia 1º de agosto de 2016. Essa data pra sempre ficará em minha memória. Correria de sempre. Saio de casa, deixo as meninas na escola, passo no laboratório, colho o sangue e sigo para empresa. Até a hora do almoço, o resultado estava pronto. Bem cuca fresca, trabalhei, almocei e liguei no laboratório para saber se já estava pronto. A atendente muito gente boa, que já me conhece de várias idas ao laboratório, disse toda entusiasmada “parabéns, deu positivo!”

Oi?

Peguei a chave do carro, tinha pouco tempo de almoço ainda, sai disparada para o laboratório, para pegar o resultado em mãos. Como assim gente? Grávida? Tomando medicamento? Não somente o anticoncepcional, como também os medicamentos da artrite, da coluna...

Enquanto dirigia na autoestrada, mentira, dirigia no percurso até o laboratório, passava mil coisas pela minha mente. “Meu Deussssssss, tô grávida de novo!”, “Senhor, tô grávida e a Angelina só tem dois anos...”, “Caralhooooooooooo véi! Tô grávida! Que massa!”

Eram algumas das expressões que passavam pela minha mente. Sorri, gargalhei e chorei, sozinha no carro. Cheguei no laboratório, abrindo a porta de uma vez. A atendente me olhou assustada e perguntou: “veio de jatinho?” Respondi no sopetão, “não, de Chevrolet mesmo”.

E aí o resultado estava em minhas mãos. Positivo. Positivíssimo! Dado ao fato dos parâmetros estarem super acima do valor que é considerado positivo (vide foto).

Liguei pro marido, falei que tava grávida. A observação dele foi “bem que seus peitos estavam diferentes!” ¬¬ e saiu contando pra Deus e todo mundo. Liguei pra mãe, na hora ela respondeu-perguntando “eu tô grávida?!”, “não né mãe!”, “parabéns então!”

Ao mesmo tempo que a felicidade invadia meu peito, aquela mistura louca de “socorro” com “yes”, foi passando um filme louco diante dos meus olhos, enquanto eu dirigia de volta para o trabalho.

Como seria? Dois filhos cara... estávamos no caminho para a formação do nosso trio! <3

Neste mesmo dia, aconteceram outras coisas, mas fica para outro post! 

Sabe aquela imagem que dispensa legenda? Então...


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Das escolhas que a gente faz

Bom dia, bom dia, bom diaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

Hoje eu tô aqui, pra falar com vocês, sobre as escolhas que a gente faz, em geral, na vida, inclusive na maternidade.

Quem me conhece, sabe que sou intensa. Mas muito! Sem preguiça. Já falei em outros posts, que quando eu sofro, EU SOFROOOOOOOOOOOOO! E tudo na minha vida, sempre foi assim:

Quando fui fazer curso de teatro, por mais que eu não queria ser uma atriz da Globo (mentira, quis sim) e aqueles exercícios, aquele ambiente, era bom, tanto pelas amizades, quanto para amadurecer outras áreas da vida, eu me dedicava. Eu estava lá sábado de manhã. Eu era a primeira a chegar, descia do ônibus na Saúde e seguia pela calçada, passava a Besni, e lá estava. E ia até a hora do almoço, quando não, no período da tarde.

A mesma coisa, quando do alto dos meus 11 anos, quis fazer informática e inglês. Fui parar lá na Praça da República, pra quem conhece São Paulo, bem longe de casa, bocada, inclusive. E eu ia e vinha: dois ônibus, metrô do Jabaquara até a Praça da Sé, fazia baldeação e ia... e depois ainda levava o meu irmão caçula, o Tiago. Confesso que ficar de olho na bolsa, para não ser assaltada e cuidar do Tiago, ao mesmo tempo, não era duas funções fáceis. Mas, deu certo!

Assim, foi seguindo a minha vida. Fazendo escolhas e, mesmo que em algum momento me arrependesse delas, eu continuava fazendo bem feito. Empregos, faculdade, cursos, limpar a casa, bordar, cozinhar, etc.

Nunca me permiti, fazer algo "nas coxas", por que acredito, que do mesmo modo que não quero receber menos, não posso oferecer menos. Até nas amizades. Quando entro, me jogo! Procuro ser fiel, mesmo com quem não é fiel comigo. Esses dias, falei pra "minha filha mais velha", a Fátima, que cada um oferece, o que tem de melhor.

Eu ofereço a minha amizade, intensa, completa. Pau-pra-toda-obra, mesmo que eu me FODA de verde e amarelo, mas sou companheira para várias esparrelas, a Bárbara que o diga!

E aí, na maternidade não poderia ser diferente. Quando eu disse "quero ser mãe", foi pensado com intensidade. Olhei pra cara do marido, conversamos muito, pautei como eu acho/acredito que deve ser a criação de um filho, como meus pais me criaram, o que eu achava certo ou errado, o que eu queria levar para a criação dos nossos filhos e o que eu não gostaria que passasse perto.

E assim vem sendo. Descobri que sou mais parecida com a minha mãe, do que pensei, e isso me assusta, MUITO!

Como vocês sabem, briguei muito e com muita gente, sobre a questão da alimentação da Angelina e vejo resultados positivos, como ela preferir se acabar com um pedaço de melancia do que numa barra de chocolate. Recebi muitas críticas, viu? Recebo até hoje, inclusive. Mas, essas críticas, por mais que me cansem, se transformam em combustível, principalmente quando os médicos dizem que ela é uma criança muito saudável, ou quando eu vejo/leio, fico sabendo de uma notícia triste, como semana passada, que um menino de 9 anos, isso mesmo NOVE ANOS, teve um infarto fulminante, sem tempo de ser socorrido. Ele estava bem acima do peso, considerado obeso e só comia salgadinho, doces, fast food, etc. Os pais agora estão em depressão profunda... único filho, nove anos...

Por eu trabalhar fora, a Angelina desde os 3 meses e meio está na escolinha. Me dói nos dias mais frios, de chuva, ou de gripe, deixá-la aos cuidados dos outros. Mas, essa é a história dela. E quando ela chega em casa, com as atividades feitas, contando que brincou, que fez isso ou aquilo, alivia um pouco a culpa.

No livro O Pequeno Príncipe, o autor Antoine de Saint-Exupéry, diz "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", e é a mais pura verdade. Acredito que os pais são responsáveis sim, pela educação/criação que dão aos seus filhos, principalmente em tenra idade, quando são os principais responsáveis em educá-los e orientá-los. Ouvi uma vez da minha manicure, que a psicóloga do filho dela disse, que as crianças vão sempre nos testar dentro de casa, por que o mundo lá fora, não tem como eles ficarem testando.

E cada dia que passa, que vejo as atitudes da Angelina, que vejo suas teimas infantis, que muitas vezes dá vontade de rir e outras de explodir, são reais testes de paciência. As crianças são mais inteligentes do que pensamos! E a pequena aqui de casa, "dá nó em pingo d'água", como diz a vovó Cida!

Enfim... quando escolho fazer algo, eu não sei ser "MENAS". Eu quero ser sempre mais! Eu quero passar isso para a Angelina (claro que ela não precisa ficar retardada igual a mãe dela e ficar se testando o tempo todo), para que ela se jogue, permita dar o melhor, sempre!

E mesmo que não reconheçam, mesmo que não seja recíproco, ela fez a parte dela. Eu fiz a minha parte.


segunda-feira, 18 de julho de 2016

Os antônimos da maternidade

Gentemmmmmmmmm!!!!

Que saudades de vocês! Nossa! Faz muito tempo que não escrevo, que não desabafo por aqui...

Mas, também... foram tantas emoções, como diria o rei Roberto... que olha, gente! Fácil não.

Mas quem disse que a maternidade seria fácil, não é mesmo?

O título deste post fiquei pensando ontem a noite. Na verdade foi por situações que vim passando durante a semana e, uma em especial, no sábado à noite, fez eu ver como vivo, constantemente vários antônimos.

Vocês lembram o que é um antônimo? Antônimo é um substantivo masculino que descreve uma palavra que tem um significado oposto em relação a outra palavra. Por exemplo: caro é antônimo de barato. O antônimo é o contrário de sinônimo.

Pois bem. Sempre tive fama de durona. Que dá porrada na mesa, que briga, que não leva desaforo pra casa. Que dá um boi pra não entrar numa briga, mas uma boiada, a fazenda, o brete e tudo mais para não sair. Pois é... aí fiquei grávida. E fim. Hoje eu choro. Claro, brigo para defender a minha cria, porém, me destruo, me culpo, me condeno, me machuco, muitas vezes e depois, vou juntando os caquinhos, colando cada um, para a próxima porrada.

Vocês não acreditam? Passei por uma experiência há pouco tempo. Estava em um ônibus com a pequena. Iria até Londrina, dormiria lá e no dia seguinte iríamos numa consulta médica. Depois voltaríamos para casa, felizes e contentes. Seria a primeira "viagem" minha e da Angelina, só nós duas, sem pai, sem vó, sem ninguém para nos vigiar, nem para dar apoio.

Mal saímos da rodoviária de Maringá, a pequena começou a falar alto dentro do ônibus que queria a vovó e o papai. Fui disfarçando, brincando e ela azedando. Aí começou a dizer em alto e bom tom "quero fazer cocô!" Tentei enrolar e o cara do banco da frente, desceu o banco de uma vez, quase acertando a cabeça da menina!

Respirei fundo e a levei ao banheiro. Claro que ela não fez cocô. E eu me segurando dentro daquele cubículo fedido, segurando ela, segurando a bolsa com documentos e dinheiro, pedindo aos céus que o motorista não fizesse uma curva.

Voltamos ao nosso assento. Um senhor do lado queria dar BIS para ela. Peguei, agradeci e escondi.

PAUSA

1. Cês lembram que nós não damos doces pra Angelina, né?
2. Minha mãe me ensinou a não aceitar nada de estranhos. Aceitei, por que ela me deu educação, mas confesso que escondi no bolso do banco da frente, por que, VAI QUE?

Voltando...

Nesse meio tempo, pessoas dentro do ônibus, escondidas na penumbra, começaram a falar "cala a boca dessa menina, se não eu calo", "faz essa menina ficar quieta, que quero dormir", "nossa, que criança mal educada!".

Gente: o que a Priscila que todo mundo ACHA que conhece, fez numa situação dessas?

a) Levantou toda empertigada, passou a mão na lanterna do celular, perguntou quem era o FDP que estava falando essas coisas e partiu pra discussão, defendendo a cria, pouco se lixando para os demais passageiros.
b) Tentou convencer a neném a ficar quietinha, enquanto lágrimas corriam do rosto da filha e do seu. como cachoeira, tentando achar um buraco para se esconder, querendo que o ônibus parasse na primeira quissassa do caminho, para descer e parar de "incomodar" os demais passageiros.

Pois é... acertou quem escolheu a opção b =/

Foi uma sequência de situações desastrosas, a Angelina começou a vomitar, em seguida o nariz a sangrar. O vômito respingou no banco e foi pro chão. Era vômito em jatos ultra-sônicos!

Fui até a parte da frente do ônibus, bati freneticamente (mesmo!) na porta do motorista. Com muito custo ele abriu e eu solicitei que ele parasse na praça de pedágio de Arapongas, no caminho.

O motorista atendeu o meu chamado. O passageiro da penumbra disse "até que enfim", peguei minha cria, nossa bolsa, a jaqueta que salvei sem vômito e descemos. O motorista ainda perguntou se eu queria que ele aguardasse. Eu agradeci, ele tirou nossa pequena mala do bagageiro e seguiu viagem.

Ali, desabei, chorei muito agarrada à minha neném. A cada soluço meu, ela dizia "mamãe, tá tudo bem, tá?????"

E aí eu lhes pergunto: quem é a forte e a fraca, da nossa relação? Quem aguenta e quem arreia? Quem terminou a noite chorando, esperando o marido chegar e quem ficou pulando de banco em banco, após vômitos e nariz sangrando, esperando o papai sair de Maringá e ir buscar a mãe chorona e a filha sorridente, lá em Arapongas???

Os antônimos da maternidade não param por aí, mas eu conto em um próximo post ;)

Quem tem elasticidade e quem não tem. Ok, eu não tenho!
PS: no dia da foto ela estava com muita febre, a levei no pediatra e
o mesmo havia indicado, inclusive, internação!