sábado, 11 de janeiro de 2014

Amamentação - parte 1

Depois da ida no HU, tudo pareceu ficar perfeito. Eu estava conseguindo amamentar a Angelina e ainda tirava leite para doar. Quando foi na semana seguinte, tive que voltar lá, pois voltou a doer a fissura no seio. Parecia que estava pegando fogo! Minha mãe me acompanhou e novamente eu chorava de dor e de medo de não poder amamentar mais.

Fui na terça, na quarta e na quinta. Aprendi com a enfermeira-obstetra Beatriz (a Bia) a fazer o cochinho ou donut's, uma espécie de rosquinha feita com uma fralda, para colocar no seio, deixando o bico do peito livre para ventilar. O Arthur ficou craque em fazer os cochinhos para eu poder trocar.


O leite, conforme descia, escorria pela blusa, manchando sutiã, uma loucura! Era muito leite e a Angelina não dava conta de mamar tudo. Passamos mais um fim de semana "tranquilos".

No dia 16/10, a neném despertou era +/- 6h30 da manhã. Começou a briga entre nós duas: ela com fome, mas sem querer pegar o peito por inteiro, só queria o leite que escorria do bico. E eu com medo da dor de sentir ela abocanhando errado e sugando o seio fissurado. O Arthur veio tentar colocar ela no peito. A posição barriga com barriga, não dava certo, invertida também não. Cavalgada também não. Fiquei de pé e nada. Entreguei desesperada a Angelina - que gritava de fome - para o Arthur e disse que não queria amamentar mais. Eu chorava de dor, de culpa, de frustração e sei lá de mais o que.

Meu marido também começou a chorar, sem saber o que fazer, minha mãe bateu na porta e foi acalmando os três. Ela conseguiu colocar a neném no meu seio para mamar e o Arthur ficou ao meu lado, enquanto eu apertava a mão dele, a cada sugada de nossa filha. Depois, quando fui trocar de peito, começou a briga de novo. A Angelina se debatia e o seio esquerdo doía, bem mais que o direito. Dei o peito direito novamente, ela mamou e dormiu. Pedi para o Arthur ver o que tinha de errado e ele notou uma bolhinha de pus no mamilo esquerdo. Ligamos no Banco de Leite e as meninas marcaram de nos atender às 14h.

Minha mãe (Ê Dona Cida!!!) foi comigo e as enfermeiras que nos atenderam e diagnosticaram molina, uma espécie de ferida, que parece que foi tirado um pedaço. Pra mim, pareceu uma ferida de catapora. Dessas que deixam marca, sabe? Tiraram bastante leite dos dois seios, deram no copinho para a Angelina e me orientaram a dar o seio direito e só ordenhar o esquerdo, até sarar. Marcaram para eu voltar na sexta-feira, às 8h. Passei o restante da quarta-feira só amamentando do lado direito.

Na quinta-feira fui marcando as mamadas da Angelina. Não passavam de 15 minutos. Eu tenho um relógio bem de frente com a poltrona que eu sento para amamentá-la e eu ia marcando... consegui amamentar do lado esquerdo duas vezes, mas doía demais! O Arthur me ligava e perguntava como estavam as coisas e eu mentia, dizendo que estava bem, mas no fundo torcia pra ele voltar logo pra casa, pra me dar colo.

Essa foto eu tirei no período da tarde depois de uma mamadinha de 15 minutos e um banho que eu dei nela pra ver se relaxava um pouquinho minha pequena

Tenho pavor de pensar que naquele dia, minha filha passou fome. Sofro só de imaginar! Fomos dormir por volta das 23h após a mamada da Angelina. Quando foi de madrugada tive muita diarreia. Eu batia o queixo de frio. Pedia coberto e edredon para o Arthur e ele me falava que não estava frio. Falei pra ele que queria vomitar e, a sorte, é que temos um cesto de lixo no nosso quarto. Dei um pulo da cama, agarrei o cesto e vomitei. Como vomitei! Tudo que tinha no meu estômago foi embora. E continuava com diarreia e febre. Quando o dia clareou eu ainda sentia muito frio. Amamentei a Angelina e ela dormiu. Tomei banho e seguimos para o Banco de Leite. Meu marido conta que que não falava coisa com coisa. De tanto que eu delirava de febre. Estava de blusa, calça, meia e tênis, num dia de calor.

Chegamos lá e enquanto eu fiquei na recepção com a Angelina, o Arthur foi fazer a ficha. Ainda demorou algum tempo para ser atendida, mas pareceu séculos. A febre continuava e eu delirava com minha filha nos braços. O marido com uma carinha de desespero, queria me levar pra outro lugar, para um hospital. O senhor da recepção ligava no Banco de Leite para ver se eu já podia entrar, com medo deu desmaiar ali. Até que a Bia retornou a ligação e me mandou entrar.

O mesmo corredor por onde passei pela primeira vez com a Angelina nos braços, com dor nos seios, eu estava passando novamente, amparada pelo Arthur e "bem louca". Dor, febre, mal estar, vontade de vomitar, com as costas envergadas, parecendo corcunda e com medo. Muito medo. Medo da minha filha estar com fome, medo dela ficar doente por falta do meu leite, medo do meu leite estar fazendo mal à ela. Medo do marido pirar junto e não querer mais saber de mim. Sim, até isso passou pela minha cabeça. Os medos mais absurdos! Medo de perder minha filha, minha mãe, meu marido, pessoas que eu amo.

Quando a Bia me viu ficou muito preocupada, foi me acalmando, acalmando o Arthur para poder nos atender. Me troquei enquanto a Bia se preparava para examinar meu seio. Ela pediu à outra enfermeira que buscasse na maternidade um pouco de leite para poder dar à Angelina. O Arthur continuava com a neném nos braços e eu olhava os dois e chorava mais ainda!

Olha gente, quando eu falo que chorava, eu tô falando no superlativo. É muita lágrima pra uma pessoa só! Eu choro MESMO!!! Sem preguiça rsrsrsr




Nenhum comentário:

Postar um comentário