quinta-feira, 2 de abril de 2015

Cansaço materno

É acumulado. Judia. Parece não ter fim. Às vezes você se sente feliz por senti-lo. Afinal, ele é a “recompensa” de ter um filho nos braços.

Mas, estar cansada o tempo todo, cansa. E não é um cansaço, que se você dormir 24 horas seguidas faz melhorar. O cansaço físico pesa, mas o mental é pior.

Eu explico: quando estava grávida, tinha uma disposição danada, até os 6, 7 meses. Depois a barriga pesou, o quadril não começou a suportar o peso, andar e até falar, precisavam de um esforço descomunal. Mas, isso é normal numa gestação. Do mesmo modo, que a última semana eu estava num pique, que era difícil me segurar!

Só que aí a Angelina nasceu. Tivemos todos aqueles perrengues com a questão da amamentação, que eu já contei pra vocês aqui, e isso me tirou várias noites de sono. Depois a conformidade de dar mamadeira de NAN pra ela. Ela dormia otimamente bem. Eu não. Frustrada por não poder amamentar. Aí tivemos uns 4 dias de cólica. E a preocupação, a tensão, me deixavam mais exausta do que cuidar da pequena.

Os dias, as semanas, o primeiro mês passa, você vai criando uma rotina pra você, pra neném, pro marido, pra casa. Tudo questão de adaptação. E isso cansa. Cansa você aprender a administrar tudo de novo. Afinal, você tinha uma administração antes e ela se torna diferente pós-bebê.

Quando a Angelina pegou um ritmo bacana, eu queria aproveitar o tempo que ela dormia durante o dia. Em vez de descansar, ficar a toa, dormir, como muitas pessoas falavam pra eu fazer, eu ia fazer pudim, cocada, arrumar guarda-roupa...

PAUSA: quem me conhece sabe que eu não consigo dormir durante o dia, não adianta. Fui um neném que NÃO DORMIA durante o dia – coitada da minha mãe!

Daí, começou a procura por escola para deixar a pequena, afinal eu voltaria a trabalhar daqui uns meses. E visitar escolas, fazer pesquisa de preço X qualidade X confiança, e pensar que logo eu me separaria da pequena, me deixava exausta emocionalmente. Eu chorei bastante pensando nisso, mas tinha a certeza da escolha, que ao meu ver, foi a melhor que eu poderia ter feito.

Aí tem mais uma rotina para administrar e adaptar todo mundo. A mãe que trabalha fora de casa, mais a neném que vai pra escola, mais o pudim, etc, etc, etc...

E aí são várias coisas diferentes que vão acontecendo e a mãe se cansando. Um resfriado, que tem os horários corretos para medicação e que requer a mãe acordada na madrugada. A correria para pegar a criança na escola, levar pra natação, voltar pra casa e guardar a roupa passada.

Até mesmo quando saímos para diversão, cansa. Pois, é o tempo todo, correndo atrás do pequeno que quer conhecer o mundo, que quer mexer onde não pode, que quer subir onde não deve.

A minha mãe, que tem os quatro filhos criados (a escadinha em casa é assim: 40, 38, 32 e 27 anos), onde encosta dorme. A preocupação dela hoje são outras. Algo do tipo, se os filhos estão ganhando o suficiente, para sustentar os netos. Se um filho está doente e longe, ela liga, ela procura outro filho que possa estar perto do irmão para cuidar e dar notícias à ela...

Então, o que vejo, é que o cansaço não tem fim. Sabe aquele ditado “filho criado, trabalho dobrado”? Acho que é por aí mesmo. Mas, gente! Uma observação mais que importante sobre isso: Não é uma reclamação que estou fazendo. Eu escolhi ser mãe. E o pacote vem completo. Não dá pra escolher ter filhos e a pele de pêssego por 8 horas de sono bem dormidas. Não tem como ter filhos e pelo menos nos primeiros anos de vida do bebê, comer comida quente.

Ah, mas só pra deixar claro: as pirações que o cansaço proporciona, deixando a gente fora de si, são normais. Afinal, a melatonina, o hormônio do sono que regula o relógio biológico, também vai entrando em crise e é nessas horas que as mães dão aquelas surtadas! Então relaxa... logo, isso passa. Ou não ;)

A Angelina está com 1 ano, 5 meses e 28 dias. Estou num nível de cansaço que parece que eu não durmo há 1 ano, 5 meses e 28 dias. Mas, ao mesmo tempo que meu corpo pede cama, sofá, um lugar pra encostar e descansar, meu cérebro diz: “ela só terá 1 ano, 5 meses e 28 dias agora”. E o coração arremata, pulsando e deixando claro que esse cansaço vale mais que a pena. Vale mais que 1 ano, 5 meses e 28 dias de cama, sofá, noites inteiras de sono e qualquer outra coisa que me tire o prazer de vê-la crescendo, se desenvolvendo e eu vivendo ao seu lado...

Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando ou poderia estar descansando, mas
estou aqui te fotografando enquanto você dorme gostoso rsrsrs <3