domingo, 2 de abril de 2017

Por que algumas perguntas, irritam tanto?!

Tá, ok.

Só pra avisar que esse é um post de desabafo. De irritação. Não estou apontando o dedo para ninguém, porém se a carapuça servir, fiquem à vontade de vestir ou tirar satisfações, beleza?

Nesses últimos dias, a tolerância está zero. Ou menos dois. Estou mais chata que o normal SIM, estou mais grossa que o habitual SIM, estou mais sensível (não parece, mas sou) que normalmente estaria SIM.

E daí você rola a timeline do Facebook, o Guia do Bebê manda link, a amiga te marca em publicações do tipo "o que mais irrita uma grávida durante a gestação".

E aí, caros colegas, eu falo procês o que vem me tirando do sério. O que vem me tirando do prumo. O que fez essa semana eu dar patada na vizinha inconveniente e sair "batendo cabelo", deixando ela falando sozinha; o que fez eu excluir uma prima sem noção do Facebook e bloqueá-la no whatsapp; ignorar a pergunta de uma senhorinha gentil no banco; e chorar, chorar horas a fio e reclamar no ouvido da Anacléia, da Bruna, da Taís, da minha mãe e do Arthur. As perguntas: "quando nasce?", "por que você não faz uma cesárea?!" e "vai esperar parto normal?", realmente estão me deixando louca.

Eu explico por que. Se é que, alguém que não está grávida, vai entender...

Tá "todo mundo" afoito, para ver o rostinho, para ver se parece com o pai ou com a mãe, pra apertar, pra pegar, pra fazer "gut-gut", pra da um cheirinho, pra dar palpite, pra criticar, pra parabenizar... enfim, pra ver a criança, que ouviu falar, que acompanhou a gestação de perto ou à distância, durante os 9 meses.

Eu entendo. Juro. Amigas grávidas por perto, eu também tenho essa ansiedade. Também quero ver esse novo ser-humaninho que vai chegar a esse mundo doido de Meu Deus!

Só que cada vez que alguém pergunta "quando nasce?", a mãe - no meu caso - que não tem a resposta, fica meio que encurralada. É sério. Por que na sequência, vem o julgamento. Se eu respondo "não sei", a pessoa retruca "tá esperando parto normal?". Se eu respondo que sim, a maioria das pessoas respondem-afirmando: "noooooooooooosssssaaaaaaaa! Você é muito corajosa! Deus me livre, credo em cruz, três pulinhos! eu não tenho essa coragem. Você é doida! Deus me livre ficar sentindo dor por horas. Fora que não dá pra se programar"

E aí começa uma lista de coisas "ruins" que o parto normal "traz". Uma das mais absurdas é ouvir que ficarei "arrombada" pro resto da vida. Ou então que a prima da vizinha sofreu um monte e que comigo vai acontecer o mesmo, por que o neném é grande. Ou ainda, que não sabe como eu posso ter paciência pra isso... ¬¬

Vamos lá: já discuti, já escrevi aqui sobre a questão de parto normal X cesárea. Eu acredito que o MAIS IMPORTANTE é a criança nascer bem. E a mãe ficar bem! Se vai sair pela periquita, pela barriga ou pelo nariz, gente! O importante é a mãe ficar bem, para cuidar desse novo ser que tá vindo para esse mundo louco.

Aí, você pega pela reta, uma pessoa que é pouco ansiosa como eu. Junta-se a essa pessoa ansiosa, alguém que passou a gestação tomando medicamentos fortes, para aguentar a dor da coluna. Acrescente que uma gestação é totalmente diferente da outra, que na anterior você descobriu bem cedo que estava grávida, que foi planejada e que nessa agora, foi tudo de repente e que, por mais que você sonhava com um segundo filho, não estava preparada psicologicamente para ficar grávida.

E nesse meio todo, por mais que os ultrassons, seu médico de confiança, seu marido que se mantém racional - enquanto sua sanidade vai indo embora mês a mês - sua mãe, mulher porreta e de fé, dizem que está tudo bem, você quer ver a carinha do seu filho. Quer ver se o lábio está certinho. Quer contar todos os dedinhos dos pés e das mãos. Quer ver se os olhinhos acompanham os seus dedos mexerem de um lado para o outro. Quer ver se ele ouve o que está ao redor e que com isso interage... enfim, quer saber se está tudo bem! Se ele é perfeito! E sabe por que essa pira? Por que a cada comprimido que você toma, como forma de aliviar a sua dor, você lembra que algum vestígio pode estar passando pela placenta e atingindo diretamente aquele ser que você ainda nem viu, mas que você ama demais!

E daí, cada vez que alguém te julga, por que é essa a palavra: JULGAMENTO, por que você não faz logo uma cesárea para "resolver o problema". Você se sente uma merda. Sabe por quê? Por que existe o recurso, que é seguro, que seu médico faria com total profissionalismo para te atender. Mas, daí, eu, Priscila Mara Nascimento Belai, me sinto violando um direito do meu filho, que é esperar a hora que ELE quiser nascer. Assim como um dia, meus pais respeitaram o meu momento e eu resolvi nascer no corredor do hospital. Assim, como um dia eu respeitei o momento da Angelina e ela nasceu no quarto.

Mas isso gente, SOU EU dizendo que penso assim. Não quero e não preciso que vocês concordem comigo. Só quero que me respeitem. Que respeitem o momento do Miguel e do meu próximo filho, se ficarmos grávidos novamente.

É a tecla que sempre bato. RESPEITO. 

Como eu disse pra vizinha, se você não está mais "aguentando" me ver grávida, é simples: "não me olhe!"

Eu não sou corajosa de esperar um parto normal. Corajosa é uma mulher que entra num centro cirúrgico, toma uma injeção nas costas que paralisa sei lá por quantas horas suas pernas, espera o médico cortar umas sete ou oito camadas de pele da sua barriga, espera tirarem seu filho, fazerem os procedimentos para ver se está tudo bem e enquanto costuram de volta seu panceps, você pode sentir aquela pele frágil, encostada na sua, pois você não pode abraçar sua cria, pois suas mãos estão amarradas. E, pra terminar, corajosa é essa mulher que depois de passar por tudo isso, ainda tem que esperar o efeito da anestesia passar, para poder retomar a vida, com um nenénzinho nos braço e um corte para cicatrizar no abdome. Então parem. A simplesmente parem de dizer que parto normal é coisa de mulher corajosa. Não é. Enfrentar uma cesárea sim, para por um filho no mundo, é muita coragem.

Eeeeeeeeeeeeeee para finalizar: não estou endemoniando a cesárea. Que fique bem claro. Só quero dizer que pra mim: pirada como estou nesses últimos dias de gestação, com dor que mal consigo sentar e levantar da patente sozinha e medrosa, a ponto de chorar para tirar sangue, pois tenho PAVOR de injeção, o parto normal pra mim é SIMMMMMM um dos meios de eu fugir de uma cesárea. Meu medo de tomar anestesia e ser cortada e costurada, é muito, MAS MUITO MAIOR do que ficar em trabalho de parto por 14 horas, como foi o caso da Angelina.

E fim. Pela atenção, obrigada. De nada!