quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

"Não pecisa"

Essa era a resposta inicial da Angelina, quando a gente perguntava se ela queria um irmão ou uma irmã. Chegava a ser fofo! Aquela mãozinha pequenina, balançando de um lado para o outro, respondendo que "não pecisa" de nenhum dos dois. Do tipo "tô de boa"!

Pois é minha gente... ciúmes fraterno. Ciúmes de irmãos.

Eu já vivi isso na pele. A primeira vez, quando nasci, claro que não lembro, mas ouço as histórias que minha mãe conta, do meu irmão do meio até colocar um "revólver" na cintura, por que todo mundo entrava e saía para ver a "neném" e ele queria me proteger ou então espantar todo mundo que chegava ali com um presente pra mim e não pra ele. De vez em quando penso que ele ainda não superou o fato de eu ter nascido... E olha que já se passaram 34 anos!

Do mesmo modo que quase morri com a chegada do caçula. Ainda bem que continuo sendo a única menina! Nunca quis uma irmã. Mas, o caçula é cinco ano mais novo, precisava de atenção. E eu admito: apertei, belisquei e judiei muito dele. Desculpas públicas Ti!

Voltando à Angelina, o que estamos tentando fazer, é mostrar pra ela, que o "ermão" está chegando, mas que ela continua sendo nossa gatinha. Que continuamos aqui pra ela. As pirraças aumentaram MUITO! O drama - que já está no sangue - está bem para novela mexicana. Tudo parece que o mundo vai acabar, algo do tipo "você não me ama, você não me quer"... não sei de onde essa menina puxou tanto essa veia dramática! 😜

Aí, pra ajudar não aparece um filho da puta, né? Agora pra inflamar mais a situação, já tivemos as seguintes frases:

"Agora você não é mais a princesinha da casa hein?!"

"Agora tá vindo um reizinho, em Angelina! Um menininho que era o que todo mundo queria!"

"Eu não vou mais gostar de você, só gosto do Miguel agora"

"O Miguel vai ficar com o seu quarto, com as suas coisas e com o papai pra ele"

Aí eu te pergunto, caro amigo, cara amiga: como que você lida com os sentimentos de uma criança, de três anos, em relação ao irmão que ainda não nasceu, quando se tem pessoas tão "sensíveis" e com um nível intelectual tão alto, falando tanta merda por perto?

1.º que nem eu, nem o Arthur (apesar dele ter nome de rei), descendemos de nenhuma dinastia, portanto os títulos de nobreza, não se enquadram a nossa família. Não é a toa, que os filmes de princesas que, normalmente, a Angelina assiste, é de princesas um tanto rebeldes, como a Merida, do filme Valente, a Fiona, do Shrek e a Princesa e o Sapo (para quem não lembra, a menina trabalha em dois empregos, por que quer ter o próprio restaurante e tals).

2.º todo mundo quem, carapalida, queria um menininho? Se viesse outra menina, eu ia fazer o que? devolver pro saco do pai? Ia ser rejeitada por ser menina? Só por que tá nascendo um piá, devemos devoção a ele? Isso me faz pensar, lá atrás, quando as mulheres engravidavam e, o primeiro filho, podia ser menina, por que era "o que Deus queria", mas se o segundo não fosse um macho, a culpa era da mulher que não era parideira. Gente! Ô GENTE! que século vocês vivem? Senta aqui, conta pra tia 😠

3.º a pessoa que fala pra uma criança de três anos, que não gosta mais dela, que só vai gostar do irmão, por que a criança não deu um beijo, não cumprimentou ou não fez determinada ação, como era a expectativa do outro, sinceramente, merece minha pena. E, claro, a minha raiva por que se trata da minha filha. Afinal, esta é uma super prova de maturidade!

4.º eles vão dividir o mesmo quarto. O mesmo espaço. Assim como um dia eu dividi com os meus irmãos e o Arthur dividiu com os irmãos dele, e mais da metade da família dividiu ou ainda divide com os seus. Para tanto, estamos procurando harmonizar o ambiente para ambos. Se quando eu e o marido, fomos morar juntos, aprendemos a dividir o mesmo guarda-roupa, por que as crianças não podem?

Não sei nem por que estou escrevendo as justificativas. O que quero dizer com tudo isso, é pra você, você e VOCÊ largar de ser besta rsrs de entender que está lidando com sentimentos. Sentimentos esses, de uma criança de três anos, ou como gosto de dizer, de um bebê de três anos, de uma mãe gestante, que está com hormônios em ebulição e tentando tornar mais prazerosa e menos traumática a chegada de um segundinho, de um pai que tá bem louco, administrando tudo isso e ao mesmo também tá perdidão.

Enfim... se ainda não notaram, tem muitas coisas a serem administradas, com muito amor, carinho e RESPEITO. Tente ser positivo. Tente se colocar no lugar do outro.

De qualquer modo, se a sua opinião, não vier somar, construir, ajudar, "não pecisa" tá?!


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