quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Xixi no potinho

Sempre quando vou ao médico e eles me pedem exames, pergunto se tem como trocar o de urina por mais algum de sangue. Desde sempre, nunca gostei daquele potinho.

De uns tempos pra cá, o potinho vem diminuindo e ficando mais difícil acertar o xixi dentro dele.

Você chega ao laboratório, tensa, por que terá que ser furada para colher o sangue. No meu caso que tenho pavor de agulha, a coisa é um pouco pior. Pressão cai, choro, tremo, um horror! Aí a enfermeira, por que também fica nervosa com a situação, não pega a veia direito ou de uma vez. Aí coloca o escalpe em outro braço, aí procura a veia. Aí começa tudo de novo.

Durante a gestação, todo mês praticamente tinha exame de sangue, quando não era por conta da gestação, era por conta da artrite. No começo da gravidez tinha exame de xixi também. Mas não tinha tanta barriga, ou melhor, tinha a barriga de gorda e não de grávida, aí ficava um pouco “mais fácil”.

Com os meses, a coisa foi complicando. Algumas vezes, admito, deixei de fazer. A moça do laboratório dizia “minha linda, precisa fazer” e eu respondia “querida, não rola”.

Juro pra vocês, nessas horas eu queria ser menino. Eu queria poder mirar dentro daquele potinho e fazer xixi. E vê-lo enchendo e fazendo espuminha do lado, como milk shake saindo da máquina e enchendo o copo. Não sei se os meninos precisam fazer “higiene” antes de mijar no potinho. Alguém sabe?

A enfermeira olha pra você e diz: “você deve fazer a higiene. Se limpar com essa gaze e depois passar essa para secar. Aí você despreza o primeiro jato e colhe o restante”.

Oi? Despreza o primeiro jato? E quando tem que ser a primeira urina do dia. Aquela que você está segurando desde a hora que levantou da cama. Gente! É impossível segurar xixi estando grávida! Ainda mais com um barrigão de 7, 8 meses! Quem dirá então desprezar o primeiro jato. O que você quer é sentar e fazer xixi! Ouvir aquele “xuááááá” e se libertar do aperto.

Aí você senta no vaso. E tenta mirar o potinho na saída da periquita. Você que não está vendo nada por causa do barrigão, ouve o barulho do xixi caindo na água do vaso. Aí você coloca o potinho um pouco mais pra frente e sente o xixi molhando a sua mão. Atire a primeira pedra, aquela que nunca teve a mão molhada pelo próprio xixi!

Aí você segura o xixi de novo e metricamente vai tentando achar o local correto para posicionar o potinho. E finalmente consegue acertar. Só que daí, quase que o pote não chega a metade, pois enquanto você tentava acertar o buraco, você “desprezou” mais do que o jato inicial...

Toda sem jeito, coloca o potinho de lado, seca a periquita, se veste, lava as mãos, dá uma limpada no potinho por fora, dá a descarga, sai do banheiro com o sentimento de que poderia ter "sido melhor". Aí a enfermeira olha e diz; "mas só isso?" A vontade que tenho é de despejar todo o pouco xixi que consegui colocar dentro do potinho, na cabeça e no jaleco branco dela. Mas, me limito a dar um sorriso amarelo, tão quanto o xixi.

Não, não estou grávida. Voltei pra minha barriga de gorda. Resolvi deixar registrado aqui o meu problema com exames de urina, pois tive que fazer esses dias - por conta da artrite. Mas, continuo tendo dificuldades para fazer xixi no potinho!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Parto X Cesárea

Eu não ia escrever sobre isso. Daí resolvi escrever. Aí vieram outros temas que eu priorizei. Mas, daí, as pessoas te cutucam, te provocam, perguntam, querem saber mais – alguns para se informar, outros para criticar, enfim... aí eu resolvi escrever sobre isso.

QUE FIQUE BEMMMMMMMMM CLARO: Quem está escrevendo isso, não é uma médica, não é uma doula, não é uma enfermeira obstétrica, nem ninguém da área de saúde. É uma jornalista curiosa. É alguém que acredita na força da mulher. Alguém que leu, pesquisou, brigou, se informou. Alguém que descobriu ter essa força e que quer passar isso para outras mulheres.

Como eu falei para vocês em um dos meus primeiros posts, o parto começa na cabeça da gente. Se você tem a intenção e essa intenção vira uma vontade crescente dentro de você, meio caminho andado. A outra parte a percorrer é você ter opinião, pesquisar, ir atrás do seu objetivo, ter um médico DE VERDADE, que te auxilia no parto – sim, por que o médico não faz o parto, quem o faz é a mulher e ele só ajuda. Ter pessoas positivas ao seu lado, também fazem a diferença.

Mitos como “o bebê é muito grande”, me fazem rir, principalmente por ter em casa uma mãe de 1,68m que pariu três filhos, sendo um deles com 6kg redondos. Circulares de cordão no pescoço, também é outro motivo que ouço que “impediu” o parto e foi motivo para a mãe cair numa “desnecesárea”. Li esses dias que teve uma atriz, que não quis que o filho nascesse “em virgem”, por que ela é de leão e o marido de capricórnio, daí não teriam um lar harmonioso... cada coisa...

Tem também os absurdos. As cesáreas agendadas para comodidade do médico, por causa de um feriado prolongado que ele quer aproveitar para viajar, ou devido a agenda do consultório, para não bater. Aqui, outra coisa que quero deixar claro: entendo que o médico, quanto profissional, tem que ganhar o seu pão de cada dia. Entendo mais ainda, que está EXTREMAMENTE defasado o valor que ele ganha de repasse dos planos de saúde – e por isso, muitos cobram da paciente a taxa de disponibilidade de parto. O que eu não entendo é transformar o nascimento de uma criança, numa linha de produção.

Lembro que quando estava em trabalho de parto, o Arthur conversava com o médico, e o marido perguntou quantas cesáreas ele teria feito até o momento. Ele disse que umas quatro. Estamos falando mais ou menos de 6h de trabalho de parto. Talvez alguns médicos, nesse período, façam até mais. Essas horas agradeço, infinitamente, por ter tido um médico que me respeitou. Valeu Dr. Edson!

Mas, voltando ao título do post, vejo que falta muita vontade de buscar informação da parte de algumas mães. Que o enxoval, a pintura do quarto, o nome e até a roupa de saída de maternidade, são mais importantes que o parto. Ouço de algumas mulheres que “eu fui guerreira” em ter um parto normal. Outras que eu sou louca. Ouvi de uma grávida que ela quer ter parto normal, mas não quer ficar “sofrendo” como eu fiquei. Oi? Sofrendo? Como assim gente? A pergunta é: QUEM DISSE QUE EU FIQUEI SOFRENDO?

Tipo, a justificativa que me falam é que fiquei muitas horas em trabalho de parto (14h20 para ser mais exata), “sofrendo” com as contrações. Daí, quando eu conto que não foi sofrimento algum, me olham com desdém. Falo e repito: prefiro muito mais 14h20 de trabalho de parto e as contrações, do que a dor que senti nos seios para amamentar.

Quando dizem que fui corajosa em ter um parto normal, eu acho engraçado, pois pra mim, corajosa é a pessoa subir numa maca, levar uma injeção na coluna (a anestesia), ficar sem sentir nada da cintura para baixo, te amarrarem as mãos, um médico cortar sei lá quantas camadas de pele, gordura, útero, até chegar ao bebê e tirarem ele de dentro de você. E ao invés do bebê vim para o seu peito, você poder abraça-lo, cheirar, sentir o corpinho todo sujinho de vernix, esperando o cordão umbilical parar de pulsar para poder ser cortado, você ter que ficar dentro do centro cirúrgico esperando costurarem a sua barriga, enquanto são feitos vários procedimentos com o seu bebê, sem você poder acompanhar. Isso sim, pra mim, é uma mulher corajosa!

Se uma grávida me diz, que ela não quer um PN por medo de sentir dor, eu respeito. Ativistas podem atirar pedras, mas sabe por que eu respeito? Por que eu tinha muito medo, mas muito mesmo, de fazer uma cesárea. De entrar num centro cirúrgico. De tomar anestesia. Só de pensar na agulha, me arrepia! Tinha medo de ser cortada, de sentir mexerem na minha barriga, lá no meu útero. Olha que loucura: eu chego sentir arrepio, náusea, só de pensar que eu poderia ter caído numa mesa de cirurgia e alguém ter tirado a Angelina de dentro de mim. Sim, por que é assim que eu imagino uma cesárea. A criança não nasce. Ela é tirada do útero da mãe. Ponto.

Algumas ativistas do parto normal, vão me criticar ao ler este post. Talvez me vejam “em cima do muro”, outras vão dizer que meu discurso não está condizendo com o que defendo, ou sei lá, vão me julgar por algum motivo.

O que só quero dizer aqui, na minha humilde opinião, enumerando no caso, é que:

  1. Ninguém é mais mãe ou menos mãe por que teve um parto normal ou uma cesárea;
  2. O que aconteceu com a mãe, vizinha, tia, amiga, o cacete a quatro, não quer dizer que vai acontecer com você. Não é por que “todas as mulheres da família tiveram cesárea” que você tem que ser mais uma na lista. Você quer um parto normal? Você quer o melhor para você e para seu filho? Informe-se!
  3. Persistência é algo que você precisará também. Muitas pessoas vão falar para você desistir. Muitos te chamarão de louca. Há aqueles que, inclusive, dirão que você é dos tempos da caverna. Sorria e responda “vamos esperar para saber o que o bebê quer” e mentalmente mande a pessoa para o inferno, isso te fará um bem danado;
  4. Quanto menos você falar sobre o seu PN com pessoas ignorantes, melhor. Evite estresse. Evite confusão. Isso só fará mal para você e para o seu bebê. Respeito virou item de luxo e infelizmente são poucas as pessoas que tem esse sentimento para com o outro;
  5. Fuja dos médicos fofinhos, que na primeira consulta que você vai, diz que “vamos ver” se “vai dar ou não” para “fazer” o parto normal. Ele não vai querer embarcar com você num PN. É o que eu falei lá em cima: cesárea dá mais lucro. Fica esperta!
  6. Se de tudo, você não conseguir um PN, por indicação clínica REAL, não se atormente. O importante é que você pesquisou, foi atrás, lutou pelo seu parto, pelo nascimento do seu filho. Se não foi possível por algum problema REAL de saúde, você ao menos tentou, certo?
  7. Acima de tudo: busque, brigue, lute, informe-se sobre os seus direitos e, principalmente, pelo direito de nascer bem, do seu filho. Respeito, essa é a palavra para nortear sua gestação, seu parto, a criação do seu filho e, acima de tudo, A SUA VIDA!